“Este encontro só faz sentido na presença de todos os candidatos”, disse o porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Marcial Macome, no final de uma reunião da comissão política do maior partido da oposição, realizada este domingo (24.11), em Maputo.
O porta-voz da RENAMOadmitiu, no entanto, que, por questões de segurança, algum candidato participe de forma remota. O candidato presidencial Venâncio Mondlane já disse que aceita o encontro proposto por Filipe Nyusi desde que seja “por via virtual”.
Para esta reunião, a RENAMO levará pontos como a anulação do processo eleitoral envolvendo as eleições gerais de 9 de outubro, com alegações de várias irregularidades, e também quer que “todos os candidatos reconheçam que este processo não foi livre, nem justo, muito menos transparente”, disse Macome.
O candidato Lutero Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), já pediu a anulação das eleições gerais e a repetição da votação, com os mesmos argumentos. Simango já confirmou que aceita participar no encontro com Filipe Nyusi, desde que estejam todos os quatro candidatos.
Ainda não é conhecida a posição do candidato Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, partido no poder), sobre a participação na reunião.
RENAMO exige novas eleições e “criação de Governo de gestão”
Rejeitado diálogo “à porta fechada”
A reunião para “discutir a situação do país no período pós-eleitoral” proposta pelo chefe de Estado moçambicano deverá ter lugar no gabinete de Filipe Nyusi, em Maputo, na terça-feira (26.11), às 16:00, envolvendo Daniel Chapo, Venâncio Mondlane, Lutero Simango e Ossufo Momade.
Numa mensagem à nação, na semana passada, Filipe Nyusi defendeu que “os moçambicanos têm de estar juntos para resolvermos os problemas” e disse que o Governo está aberto a encontrar “uma solução” para o atual momento, marcado por paralisações e manifestações convocadas por Venâncio Mondlane.
O candidato apoiado pelo Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que contesta a atribuição da vitória por 70,67% dos votos a Daniel Chapo anunciada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) – resultados que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional – rejeita um diálogo “à porta fechada” e com “segredinhos”.
Num documento submetido à Presidência da República e à Procuradoria-Geral da República (PGR), Mondlane propõe um formato alargado com a participação de instituições do Estado, individualidades da sociedade moçambicana e observadores (Nações Unidas e União Africana).
Nos termos de referência, o candidato exige ainda a extinção imediata dos “ilegais, parciais e imorais” processos judiciais contra si. Sugere também 20 pontos de agenda para o encontro, que, segundo Venâncio Mondlane, “representam os anseios do povo moçambicano”. O primeiro dos pontos enumerados é a reposição da verdade e justiça eleitorais.