O clima entre alguns membros e ex-guerrilheiros da RENAMO e o presidente do partido, Ossufo Momade, contínua tenso. Em Nampula, alguns deles exigem a demissão de Momade e da delegada provincial, Abiba Abá. Ernesto Daglas, porta-voz dos combatentes do partido e atual delegado distrital de Lalaua, diz que tudo se deve a queda que o partido tem vindo a registar.
“O partido começou a cair desde a entrada do presidente Ossufo Momade e nós como simpatizantes deste partido conseguimos engolir sapos, pensando que um dia havia de acordar e reconhecer que o partido estava a cair, mas depois desses resultados [eleitorais], o cenário piorou”, afirmou Ernesto Daglas.
O político não se conforma com o estágio atual da perdiz. Daglas denuncia que os membros na província de Nampula estão sendo divididos, explicando que no reinado de Ossufo Momade “quem tiver os ideais do malogrado presidente Afonso Dhlakama é considerado como não sendo ‘nosso’ [do lado da atual liderança]”, disse.
Na última quarta-feira, o partido adiou a realização do Conselho Nacional, inicialmente previsto para os dias 7 e 8 de março, na cidade de Vilanculos, para uma data ainda por anunciar. O porta-voz do partido, Marcial Macome alegou razões “ponderosas”.
Lutar para salvar a RENAMO
No entanto, Ernesto Daglas disse que os antigos combatentes do partido, não foram formalmente informados e suspeita que seja uma forma de arrastar e perpetuar Ossufo Momade na liderença da RENAMO. Mas o membro, garante que não vão ceder e exige a renúncia incondicional de Momade.
Ossufo Momade: “A RENAMO é a segunda força no país”
“Nós estamos a falar [ordenar] que antes do Conselho Nacional deve se demitir. [Tem de] ir ao Conselho Nacional com uma de demissão, a informar que nós estamos a deixar o nosso lugar à disposição, de modo a concorrerem os outros”, exortou Daglas.
Caso Momade insista em liderar o partido, os antigos guerrilheiros ameaçam desencadear uma “luta nacional” a favor da sua destituição, como forma de “salvar o partido”.
De acordo com Ernesto Daglas, “nós não vamos parar de lutar, não vamos parar de aconselhar o presidente”, disse acrescentando que “para levantar este partido, não precisaremos de entrar nas matas, porque não queremos armas, não queremos confusão e não queremos perseguições, mas queremos exatamente que aqueles que são desmobilizados da RENAMO devem deixar de ser lambe-botas e que o Ossufo tem de perceber, deixando o lugar a disposição para ressalvarmos o partido”, sublinhou.
Em entrevista à DW, o porta-voz da RANEMO, Marcial Macome, desvalorizou os membros revoltosos:
“Os combatentes da RENAMO têm uma organização que são representados pela COLD (Combatentes da Luta da Democracia), então os problemas de todos os combatentes da RENAMO são canalizados pela COLD e o presidente da COLD tem assento na Comissão Política. A RENAMO funciona com órgãos e não com vontades individuais,” disse Macome.
Onde anda Momade?
Ossufo Momade anda longe dos holofotes. Não esteve presente no último encontro entre os líderes dos partidos com assento parlamentar e o chefe de Estado e delegou a deputada Ivone Soares.
O adiamento do Conselho Nacional alimenta rumores de que estaria a receber tratamento médico fora do país. Marcial não aceita e nem nega.
“Eu como porta-voz não comento rumores, como muito bem colocou são rumores e essas informações não nos chegaram como órgãos, então não posso comentar”, concluiu, insistindo que a reunião nacional do seu partido foi adiada por “razões ponderosas”, sem explicar exatamente o que isso significa em concreto.