Os Presidentes da República Democrática do Congo (RDCongo) e do Ruanda participam sábado (08.02) numa cimeira conjunta promovida por países da África Oriental e Austral, para discutir o conflito armado no leste da RDC. O encontro junta, em mais uma tentativa, os chefes de Estado dos dois países envolvidos, respetivamente Félix Tsisekedi e Paul Kagame.
O anúncio feito pela Presidência queniana precisa que a cimeira, a ter lugar em Dar es Salaam, na Tanzânia, é organizada pela Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês) e pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês),
A cimeira ao mais alto nível decorre num contexto de fortes tensões entre Kinshasa e Kigali, depois de o grupo armado M23 e os seus aliados das forças ruandesas terem tomado Goma, a principal cidade do leste da RDCongo, e continuado a avançar na região. Antes do encontro, realiza-se, na sexta-feira, uma conferência de ministros dos Negócios Estrangeiros.
O Presidente do Quénia, William Ruto, divulgou nas redes sociais que tanto Tshisekedi como Kagame confirmaram a sua presença, depois de ambos terem evitado encontrar-se nos últimos dias. A agência espanhola EFE noticia que na cimeira participam também os Presidentes da Tanzânia, da África do Sul, do Uganda e da Somália, numa tentativa de reforçar o empenhamento regional para tentar desanuviar as tensões entre a RDCongo e o Ruanda.
Mediação de Angola
A União Africana (UA) mandatou o Presidente de Angola, João Lourenço, para mediar as conversações entre o Ruanda e a RDCongo, no âmbito dos esforços de pacificação face ao diferendo no leste da RDCongo. No entanto, o conflito intensificou-se nas últimas semanas.
Na semana passada, uma ofensiva do M23 – um grupo armado constituído maioritariamente por tutsis, a etnia vítima do genocídio ruandês de 1994 – aumentou as tensões com o vizinho Ruanda, com o Governo democrático-congolês a acusá-lo de apoiar os rebeldes, uma alegação confirmada pela ONU.
Desde 1998, o leste da RDCongo tem estado mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo Exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco).