Os objectivos apresentados pela Sonangol no conselho consultivo do sector são, no mínimo, muito ambiciosos, tendo em conta a realidade actual. A petrolífera promete que até 2027 estarão em funcionamento as três refinarias em construção no País, e que se irão produzir no País 1.766 mil toneladas métricas (TM) de gasolina – hoje produzem-se cerca de 240 mil TM, o que na prática significa que em menos de três anos vai aumentar 635%.
Quando se olha para o quadro apresentado pela Sonangol para a importação de refinados de petróleo, percebe-se que a estimativa para este ano é de 3,5 milhões TM, baixa para 3 milhões TM em 2025, volta a subir para 3,1 milhões TM em 2026 e “desaparece” em 2027, prevendo-se mesmo um excedente face ao consumo de 6%. A previsão da petrolífera para a produção de lubrificantes em Angola é ainda mais “simpática”, passando das actuais 8,85 mil TM para 50.953 TM no próximo ano, mais 476% em apenas 12 meses. No ano seguinte, a produção será já de 69.700 TM.
Para suportar este “milagre” está a convicção da Sonangol de que até 2027 estarão em funcionamento as três refinarias projectadas para o nosso País. A de Cabinda, que terá uma produção de 60.000 barris/dia, cerca de metade serão gasolina e gasóleo, irá finalizar as duas fases de produção no próximo ano. Em termos práticos e a cumprir-se este prazo, como sabemos já foi várias vezes adiado, acontecerá seis anos depois do projecto ter sido entregue à Gemcorp (90%) e à Sonangol (10%), o que para uma refinaria modular, não é propriamente um prazo aceitável.
A Sonangol prevê também que a refinaria do Soyo estará em funcionamento em 2026 (produção de 100 mil barris/dia), apesar de ter sido anunciado que a execução física do projecto está agora em apenas 2% e de ainda haver dúvidas sobre o modelo de financiamento do projecto. Também prevê que a refinaria do Lobito (produção de 200.000 barris/dia), esteja a funcionar em pleno em 2027, a execução física do projecto está em 10,29%, e ainda se está a discutir a entrada de possíveis accionistas para o projecto.
Também é muito optimista a meta de produção operada pela Sonangol de petróleo bruto e gás operada até 2027, “atirando-se” para um objectivo de 10%. De acordo com os dados de Novembro esta quota rondou os 2,8%, a previsão até a o final do ano era de 4%, mas em três anos quer aumentar em volume cerca de 260% face ao valor actual.
Nesta visão optimista da Sonangol, recordar outros dos objectivos anunciados pela Sonangol para o próximo ano – passar a capacidade de produção de energias renováveis de 12 MW para 66 MW (mais 450% em apenas 12 meses), aumentar a capacidade de armazenagem de combustíveis em mais 582.000 m3 e preparar a dispersão de capital em bolsa, mas que ainda não tem uma data definida.