A Guararapes reportou seu nono trimestre consecutivo de expansão de margem bruta, superando as projeções do sellside e ultrapassando a C&A na rentabilidade pela primeira vez no passado recente.
A dona das lojas Riachuelo teve uma margem bruta de vestuários de 57,3% no terceiro trimestre, 2,2 pontos percentuais acima do mesmo período do ano passado.
No mesmo tri, a C&A teve uma margem bruta de vestuário de 55,4%, uma expansão de apenas 0,3 p.p. A Renner, o benchmark do setor em rentabilidade, ainda não reportou.
A Guararapes teve um crescimento de 6,6% na receita líquida para R$ 2,452 bilhões, e uma expansão das vendas ‘mesmas lojas’ de vestuário de 7,3% — que veio metade de volume e metade do aumento do tíquete médio.
O crescimento das vendas aliado à expansão da margem bruta fez com que o EBITDA da companhia crescesse 15%, para R$ 402 milhões, e que o lucro se expandisse 63%, para R$ 74 milhões.
Os números vieram significativamente acima das projeções do sellside, que esperavam um EBITDA de R$ 363 milhões e um lucro de R$ 66 milhões.
Outro destaque foi a financeira do grupo, a Midway, que cresceu sua receita em 9,4% e o EBITDA em 6,5%, para R$ 119 milhões, cerca de 29% do EBITDA total da companhia.
O trimestre foi marcado por alguns recordes para a companhia. A margem bruta de vestuário foi a maior da história; o lucro foi o maior para um terceiro tri da companhia; e a margem EBITDA de moda também foi a maior da história.

O CEO André Farber disse ao Brazil Journal que o resultado é mais um reflexo da aposta da companhia no modelo de cadeia integrada, que permite capturar a margem de outro elo da cadeia (a fabricação) e dá um controle maior sobre toda a cadeia, o que permite reagir mais rápido às mudanças.
“Com a cadeia integrada, conseguimos garantir uma melhor qualidade e consistência em tudo que fazemos, além de conseguir preços imbatíveis em alguns produtos, como as camisetas polos, que somos o maior vendedor do Brasil,” disse ele.
Farber disse que a companhia foi mais conservadora nas compras de inverno este ano e que isso acabou prejudicando um pouco o crescimento do trimestre, já que o inverno foi mais longo e frio do que o costume.
“Mas mesmo assim conseguimos crescer quase o dobro da inflação, e com uma expansão de margem robusta,” disse ele. “Isso mostra que o nosso modelo consegue entregar resultado com venda maior e menor.”
Apesar da melhora expressiva que a Guararapes já teve na margem bruta, que subiu quase 5 pontos percentuais desde 2023, Farber disse que acha que a companhia ainda está longe de seu full potential.
“Ainda temos muitas iniciativas e oportunidades de operar melhor a fábrica, de criar categorias com mais margem. Também temos um projeto grande de pricing que vai entrar em 2026 e que deve se reverter em margem,” disse ele.
A companhia também planeja acelerar a abertura de lojas, que estava praticamente paralisada nos últimos anos.
Este ano, a Riachuelo já deve abrir de 6 a 7 lojas e a partir do ano que vem a expectativa é de abrir de 15 a 20 novas lojas por ano. A companhia está com uma alavancagem muito baixa, de cerca de 0,5x EBITDA, e está no processo de vender o Midway Mall, o shopping que ela tem em Natal.
A ação da Guararapes sobe 82% desde o início do ano, com a companhia valendo R$ 5,17 bilhões na B3.
O resultado vem num momento em que o sellside está redescobrindo a ação da empresa. No último mês, três bancos iniciaram a cobertura da companhia (UBS, Itaú BBA e BTG), todos com recomendação de ‘compra’ para o papel.