“O posicionamento de Moçambique foi no sentido de continuar a apoiar esforços que estão sendo feitos principalmente por Angola, que é o mediador do conflito, através da União Africana [UA]”, disse Daniel Chapo, numa comunicação distribuída pela Presidência moçambicana este sábado (01.02), após a cimeira extraordinária da SADC realizada na sexta-feira em Harare, Zimbábue.
Por agora, afirmou o Presidente Daniel Chapo, Moçambique, que recebe apoio do Ruanda no combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado, não vai juntar as suas tropas à missão da SADC que combate na República Democrática do Congo (RDC), indicando que a mesma continuará sendo integrada por tropas da África do Sul, da Tanzânia e do Malaui.
“Até agora, naquilo que aconteceu durante a cimeira, mantém-se os três e nós queremos mais uma vez reiterar que como país o nosso posicionamento é realmente continuar a apoiar estes esforços”, declarou Chapo.
Na segunda-feira, o Presidente em exercício da SADC e líder do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, condenou os ataques contra as forças de manutenção da paz da Organização das Nações Unidas (ONU) e da SADC no leste da RDC por grupos rebeldes como o M23.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o grupo rebelde M23 e entre três mil a quatro mil soldados do Ruanda ganharam terreno nas últimas semanas e estão a cercar a cidade de Goma, que conta com um milhão de habitantes e pelo menos igual número de deslocados.
A cimeira dos chefes do Estado e de Governo foi convocada depois de mais quatro soldados sul-africanos terem sido mortos em combates com o M23, confirmou na terça-feira a Força de Defesa sul-africana, elevando para 13 o número de militares sul-africanos mortos desde a semana passada.
Presidente do Burundi alerta para risco de conflito regional
O Presidente do Burundi, Evariste Ndayishimiye, advertiu hoje que o conflito no leste da RDC corre o risco de se transformar numa guerra regional.
“Se o leste da RDCongo não tiver paz, a região não terá paz”, avisou o Presidente do Burundi.
“Não é só o Burundi. A Tanzânia, o Uganda, o Quénia, é toda a região. É uma ameaça”, continuou, antes de acrescentar que o seu país não se vai ‘deixar ameaçar’.
Já o coordenador das Nações Unidas na RDC, Bruno Lemarquis, alertou, na sexta-feira, que a cidade de Goma enfrente uma situação humanitária “extremamente grave” na sequência dos combates.
“A situação humanitária é extremamente grave em Goma e exige uma atenção imediata da comunidade internacional. Em nome da comunidade humanitária na RDCongo, apelo ao respeito pelo direito humanitário internacional e à proteção dos civis por todas as partes”, afirmou Lemarquis através das redes sociais.
Lemarquis advertiu que Goma enfrenta necessidades humanitárias, enquanto a capacidade de resposta está “gravemente afetada” e as instalações médicas encontram-se lotadas.
Entre 23 e 28 de janeiro, afirmou Lemarquis, os hospitais da cidade – apoiados pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF), pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – trataram mais de mil feridos.
A atividade armada do M23 recomeçou em novembro de 2021 com ataques contra o Exército de Kinshasa, apoiado por milícias aliadas, no Kivu do Norte e, desde então, avançou em várias frentes até chegar a Goma.