O ataque israelita que teve como alvo o bairro de Basta, no centro de Beirute, no sábado (23.11), fez pelo menos 29 mortos, revelou, este domingo, o Ministério da Saúde Pública libanês, atualizando o balanço anterior de 20 vítimas.
“O ataque do inimigo israelita a Basta (…) em Beirute matou, de acordo com um relatório atualizado, mas não definitivo, 29 pessoas e feriu outras 67”, informou o ministério em comunicado, acrescentando que as buscas entre os escombros ainda estavam em curso.
Na noite de sábado, segundo o executivo libanês, foi encontrado “um grande número de partes de corpos”, cuja identidade ainda está a ser apurada em testes de ADN, o que deverá aumentar o número de mortos num dos ataques israelitas mais mortíferos em Beirute desde o início da escalada de violência contra o grupo xiita Hezbollah no dia 23 de setembro.
Ainda permanece pouco claro o principal objetivo do bombardeamento, embora os meios de comunicação israelitas tenham apontado que o alegado alvo era um alto funcionário do grupo xiita libanês apoiado pelo Irão.
O ataque naquela zona do centro da cidade ocorreu na madrugada de sexta-feira para sábado, horas depois de aviões do Exército israelita terem realizado bombardeamentos em grande escala, sobretudo no sul do Líbano, e que prosseguiram no dia seguinte.
Pelo menos 84 pessoas morreram e outras 213 ficaram feridas no sábado em ataques israelitas contra várias partes do Líbano, incluindo as 29 vítimas mortais em Beirute.
“Arrependimento”
Um bombardeamento israelita contra um quartel na zona costeira sul do Líbano provocou, ainda no sábado, a morte a pelo menos um soldado libanês e fez outros 18 feridos.
O Exército israelita manifestou o seu “arrependimento” pelo ataque num comunicado divulgado, este domingo, referindo que “ocorreu numa área de operações de combate ativas contra o Hezbollah” e que o caso está a ser investigado.
Este domingo, a aviação israelita voltou a executar uma série de bombardeamentos contra Dahye, no subúrbio sul da capital libanesa, a seguir a um aviso de evacuação para várias zonas desta zona da cidade controlada pelo Hezbollah.
Hezbollah ataca Israel
Em sentido contrário, os militares israelitas registaram mais de 160 disparos de ‘rockets’ que ativaram alarmes no centro e norte de Israel, incluindo Telavive e que deixaram um homem de 60 anos gravemente ferido na região da Alta Galileia.
O Hezbollah anunciou, também este domingo, que destruiu seis tanques Merkava israelitas no sul do Líbano, incluindo cinco na periferia da estratégica cidade costeira de Bayada e outro região de Deir Mimas, a cerca de 2,5 quilómetros da fronteira israelo-libanesa.
Borrell apela a cessar-fogo
Ao mesmo tempo que as duas partes anunciavam os respetivos ataques, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, apelava, nem Beirute, para um “cessar-fogo imediato”.
“Só vemos uma via possível: um cessar-fogo imediato e a aplicação integral da Resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, disse Borrell, que falava aos jornalistas no final de uma reunião com o presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, segundo a agência francesa AFP.
Conflito no Médio Oriente: E como ficam os civis?
O também vice-presidente da Comissão Europeia disse que o Líbano está “à beira do colapso” e apelou à pressão sobre Israel e a milícia xiita libanesa Hezbollah para que aceitem a última proposta de cessar-fogo dos Estados Unidos.
“Estamos a aguardar uma resposta concreta e definitiva do Governo israelita. Esperamos que isso seja possível com a participação dos Estados Unidos e da França”, afirmou, citado pela agência espanhola Europa Press.
O Governo libanês informou hoje Washington que aceitava a última proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo
Em mais de um ano de violência, mais de 3.500 pessoas foram mortas e mais de 15 mil ficaram feridas no Líbano, a maioria desde 23 de setembro, segundo as autoridades de Beirute, que indicam também acima de 1,2 milhões de deslocados pelo conflito.
Do lado israelita, morreram 78 pessoas em ataques lançados a partir do Líbano, das quais 47 eram civis.