O centro de Maputo viveu na manhã desta terça-feira (27.11) momentos de caos, com dezenas de manifestantes a apedrejarem viaturas da polícia, entre ruas totalmente bloqueadas, depois de uma jovem ter sido atropelada por militares, quando protestava no centro da avenida Eduardo Mondlane.
A viatura militar blindada circulava em alta velocidade num cenário de extrema violência, não sendo claro se o condutor avistou a manifestante do outro lado da barricada. A jovem foi transportada por populares ao hospital em estado grave.
O atropelamento propiciou a ira dos manifestantes, que até então estavam apenas a cortar a circulação automóvel em praticamente todas as artérias centrais de Maputo. Um blindando da Unidade de Intervenção Rápida, imobilizado a poucos metros do local do atropelamento, começou a ser atingido por dezenas de pedras atiradas de todos os lados, e alguns manifestantes tentaram mesmo incendiá-lo.
A polícia voltou a carregar no local, com disparos de tiro real e gás lacrimogéneo.
“O incidente será rigorosamente investigado”
Em comunicado, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) explicam que uma “viatura militar devidamente caraterizada atropelou acidentalmente uma cidadã na Avenida Eduardo Mondlane”.
No mesmo documento, as FADM esclarecem que a “viatura encontrava-se em missão de proteção dos Objetos Económicos essenciais, limpeza e desbloqueio das vias de circulação, no âmbito da manifestação pós-eleitoral”.
As FADM dizem ainda que “assumem total responsabilidade na assistência médica e psicossocial da vítima”.
“As Forças Armadas de Defesa de Moçambique, sendo uma Força credível ao serviço de Moçambique e dos moçambicanos estão comprometidas com a observância dos padrões mais elementares do Direito Humanitário e dos direitos humanos, pelo que o incidente será rigorosamente investigado para assegurar que este tipo de situações não volte a acontecer”, pode ainda ler-se no comunicado.