Em luta por um aumento salarial a que acreditam ter direito, os trabalhadores da Portway, empresa da ANA – Aeroportos de Portugal, avançaram para uma greve que irá decorrer até 1 de janeiro de 2025. Por agora, o impacto da greve nos aeroportos está a ser limitado.
Os sindicatos alegam que foi cumprido o objetivo pré-determinado que deveria levar a um aumento adicional de 1% ainda em 2024, que se juntaria aos 4% que foram decididos no início do ano, mas a ANA diz que isso não aconteceu, ou seja, essa meta não foi atingida.
Paulo Duarte, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Handling, da Aviação e Aeroportos (Sitava), adiantou ao Expresso, que a greve está a ter uma “adesão razoável”, mas não está a provocar grandes constrangimentos, apenas atrasos nos voos.
É uma greve sem concentrações à porta, e que não teve uma grande mobilização por parte dos sindicatos. Paulo Duarte explica que se a greve não tiver o efeito desejado, os sindicatos irão discutir
A greve foi convocada pelo Sitava, pelo Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Aeroportos e Aviação (Sindav), pelo Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHAA) e pelo Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pescas (Simamevip) e decorre naquele que é o pico de voos no período de Inverno, o Natal e o ano novo. Ocorre em simultâneo com uma greve também na logística da assistência em viagens da SPdH/Menzies, que termina na quinta-feira, 26 de dezembro e que tem estado a ter um impacto moderado.
Representando um trabalho massificado e exigente devido aos horários e à dureza da operação na placa, o recrutamento de trabalhadores de assistência logística nos aeroportos tem sido mais difícil no pós-pandemia.
A greve abrange todo o trabalho suplementar, com início às 00:00 do dia 24 de dezembro de 2024 e até às 24:00 de dia 1 de janeiro de 2025. Há ainda pré-aviso de greve de 24 horas, a partir das 00:00 horas do dia 24 de dezembro de 2024 até às 24:00 do mesmo dia e a partir das 00:00 horas do dia 31 de dezembro até às 24 horas deste último dia do ano.
A concessionária apela aos passageiros que confirmem com as companhias aéreas e no site da ANA o estado dos voos antes de se dirigirem para os aeroportos, para perceber se tudo decorre dentro da normalidade. A Portway presta sobretudo assistência em viagem às companhias de baixo custo.
A paralisação irá também abranger o trabalho em dia feriado que seja dia normal de trabalho, a partir do dia 24 de dezembro e até 02 de janeiro de 2025.
Os sindicatos que convocaram a paralisação citadas pela Lusa, acusam a empresa de “desonestidade e má-fé”.
Um desacordo de 60 mil euros
Em causa asseguram os sindicatos, está o pagamento de retroativos aos trabalhadores num montante que ronda os 60 mil euros.
Após uma reunião no Ministério do Trabalho na semana passada, a Portway, notícia a Lusa, assegura que “aplicou escrupulosamente o acordo firmado com as estruturas sindicais representativas dos trabalhadores”, tendo procedido “a um aumento de 4% das tabelas salariais”.
A empresa reconheceu que “ficou em aberto a possibilidade de um aumento adicional de 1%, condicionado ao atingimento de um objetivo operacional de 60 mil voos assistidos, a 31 de outubro, fixado por ser alcançável consoante o histórico e as perspetivas, e seria garantia de que a Portway teria as condições financeiras para aumentar as tabelas em mais 1%”. No entanto, indicou, “infelizmente, esse objetivo não foi atingido e, como tal, não foi possível à empresa proceder a esse aumento adicional”.
A Portway disse ainda que “a métrica utilizada para avaliar o cumprimento do objetivo é inequívoca e nunca mudou”, destacando que “o número de voos sempre serviu de base a todas as negociações fundamentadas em critérios operacionais”.
Já os sindicatos fazem uma leitura diferente do processo, apontando que em novembro de 2024 a empresa realizou, “mais uma vez, uma subversão, dizendo algo absolutamente estapafúrdio, ridículo e absurdo, como os tribunais certamente se encarregarão de demonstrar”, querendo convencer os trabalhadores de que “voos e rotações são a mesma coisa”.
As estruturas lembraram que a Portway propôs 1% de aumento na tabela em janeiro de 2025 e uma gratificação de balanço no valor de 100 euros para todos os trabalhadores.
Os sindicatos disseram que aceitaram o princípio, “mas nunca o valor de 100 euros”, tendo proposto 180 euros para todos.
“A Portway subiu até aos 120 euros, tendo estes sindicatos proposto como valor fixo, 150 euros”, disseram, salientando que acabou por ficar inviabilizado o acordo “que desconvocaria a greve pela módica quantia de 60 mil euros”.
Nos próximos dias continua ainda a greve em outra empresa de ‘handling’ que opera nos aeroportos nacionais, a Menzies (antiga Groundforce) com a ANA – Aeroportos de Portugal a alertar para possíveis perturbações, devido às duas paralisações, numa nota no seu ‘site’.