
Foi há cerca de sete anos que a portuguese girly comprou a primeira peça na Parfois, numa loja de Lisboa. “Era um colar bastante simples, com contas, bem tradicional. Comprei com a minha mãe. Usei muito”, conta-nos, em pé diante da vitrine, decorada com uma grande fotografia sua. Perguntamos se aquela imagem representa uma conquista. “Claro, 100%”, responde a italo-brasileira de 29 anos que há oito chama Portugal de casa. “É o país que eu escolhi para viver e trabalhar com uma marca portuguesa é incrível“, destaca a jovem sobre a parceria com a Parfois, que começou há dois anos. Para esta coleção, foi um ano de trabalho reuniões quase semanais com a equipa de design da marca. O resultado é “muito Vicky”. Da pequena carteira vermelha com rodinhas (69,99) às botas de cano alto com os dedos à mostra (89,99), passando pelos sapatos estilo boneca (55,99), as peças de roupa às listas e os acessórios em forma de garfo e colher — são 40 peças entre roupas, carteiras e acessórios com inspiração nos anos 1960 e no universo irreverente da influencer.
“Não compro muito. Hoje em dia, que o meu armário é bastante cheio, uma peça tem que chamar a minha atenção, tem que ser original, fora da caixa”. E para isso, a influencer diz comprar em segunda-mão. “Sou bastante específica com as lojas onde faço thrifting. Aqui em Lisboa não faço muito. Japão, Estados Unidos e tal, têm arquivos muito grandes. E aí você encontra peças que são mais únicas, digamos assim. Ainda esta semana comprei uma bolsa no 2nd Street, que é tipo uma cadeia de segunda mão em Nova Iorque”, conta Vicky, que desde setembro já esteve também em Londres, Milão e Paris. “As peças antigamente tinham uma qualidade diferente das que elas têm hoje em dia. São mais únicas”, explica a influencer, que diz ter herdado o gosto pelo vintage da mãe, uma “second hand addicted“. “Sempre fomos muito a mercados. Em Itália é uma tradição muito forte e eu comprava muito, desde que eu sou pequena, com a minha mãe. Roma respira essa moda por todos os cantos”.
Aliás, Vicky não só compra em segunda mão como aproveita para vender peças. Ao lado de outras influencers costuma organizar um wardrobe sale no espaço da instituição de solidariedade Dona Ajuda — o próximo é este domingo, 9 de novembro. À parte das peças vintage, a influencer evita centros comerciais — se for comprar numa loja, prefere a versão online. “Uso roupa que não é do meu tamanho todos os dias”.
A experiência a criar uma coleção — antes já tinha colaborado com a Loja Três em 2024 — fortaleceu um desejo. “Sempre quis estudar moda“, diz a influencer que é licenciada em Relações Internacionais. “Até estava a ver uns programas de pós-graduação para entender um pouco mais. Acho que a história da moda no geral, isso eu já leio muito. Mas em termos de materiais”, conta-nos. “Aprendo porque tenho muitas oportunidades. As casas grandes levam-nos muito para mostrar o heritage. Já me encontrei em imensas situações onde estava com os artesãos e eles me explicavam como se fazia. Amo saber. Para poder ir para o desfile e perceber, olhar e saber exatamente o que é que está ali. E valorizar a peça de uma forma mais completa do que só esteticamente e historicamente. Sob uma vertente mais técnica.”
Em Portugal, destaca o trabalho dos “génios” Marques’Almeida. “Gosto da moda portuguesa, mas trabalho maioritariamente para fora.” Circulando pelas grandes fashion weeks mundiais, reconhece que a moda nacional tem menos incentivo financeiro. “Acho que o que pode vir de fora realmente é o ‘pensar grande’, porque eu acho que Portugal tem muito mais potencial para crescer do que é agora. Inclusive a Lisboa Fashion Week”, atira, sobre o evento que não visitou nas últimas edições. “Não, porque ela cai na Semana da Moda de Paris. Aí não dá, né? Aí tá me sabotando (risos). Mas já fui. E se cair em datas diferentes, que eu estiver aqui, claro que eu vou, com todo o gosto”.