É fundamental esclarecer que a narrativa promovida por Donald Trump e sua equipa, que tenta sugerir que a culpa da colisão entre o avião de passageiros e o helicóptero militar está de alguma forma relacionada com a cor de pele dos pilotos, não é apenas falsa, mas também irresponsável. Os pilotos envolvidos neste acidente, bem como o controlador aéreo, eram todos brancos. No entanto, o que Donald Trump não menciona é que entre as vítimas há muitos negros, incluindo Kiah Duggins, uma prominente professora da Universidade de Howard. Jonathan Campos filho de imigrantes portugueses era o piloto do avião de passageiros também perdeu a sua vida.
Por Malundo Kudiqueba
Atacar os negros, ou qualquer outra minoria, por problemas que não têm nada a ver com a sua identidade, é uma forma de desinformação e manipulação política. Essa obsessão por culpar os negros por tudo o que dá errado no mundo é um reflexo do racismo sistémico e da narrativa populista que Trump tem cultivado ao longo dos anos.
As minorias étnicas nos Estados Unidos enfrentarão quatro longos anos de abuso verbal, perseguição sistemática e políticas racistas camufladas de “lei e ordem”. Para Trump, um polícia que mata um negro é um herói e deve ser condecorado, enquanto um negro apanhado a fumar drogas é um criminoso que deve ser encarcerado. Esta é a mentalidade do novo deus do mundo onde a cor da pele define quem é protegido e quem é perseguido.
Donald Trump nunca fez questão de esconder o seu desprezo pelos negros, latinos, muçulmanos e imigrantes. Pelo contrário, ele alimenta-se do racismo, prospera no ódio e constrói a sua base de apoio sobre o medo e o ressentimento. Para os seus seguidores, a América só é “grande” se os brancos continuarem no topo e todos os outros forem mantidos sob vigilância constante, como cidadãos de segunda classe.
O seu historial não deixa dúvidas. Durante o seu primeiro mandato, defendeu supremacistas brancos, chamou países africanos de “buracos de merda”, disse que os imigrantes trazem crime e drogas e recusou-se a condenar abertamente neonazis. Agora, sem as limitações do primeiro mandato volta ainda mais implacável, determinado a reverter todos os avanços conquistados pelas minorias nos últimos anos.
O seu conceito de justiça é selectivo e racista. Se um branco é apanhado com drogas, é uma vítima do sistema, precisa de reabilitação, merece uma segunda oportunidade. Mas se for um negro ou um hispânico, então é um “bandido”, um “traficante”, um “animal” que precisa de ser esmagado pela polícia e enterrado no sistema prisional.
Os últimos anos mostraram o impacto destrutivo desse discurso. Durante a era Trump, os crimes de ódio aumentaram, os supremacistas brancos sentiram-se encorajados a agir, e a brutalidade policial contra negros e latinos foi tratada como um espectáculo para entreter a extrema-direita. Em vez de justiça, Trump promove vingança. Em vez de igualdade, promove segregação. Em vez de progresso, quer arrastar o país de volta aos tempos em que os direitos civis eram um privilégio exclusivo dos brancos.
Donald Trump tem carta-branca para perseguir, reprimir e oprimir porque tem o controlo do congresso, senado e do tribunal supremo. Espera-se uma guerra contra o ensino da história real dos Estados Unidos, mais repressão policial em comunidades negras, mais ataques contra imigrantes, mais discursos inflamados que encorajam a violência racial. Não serão apenas quatro anos de abuso verbal — serão quatro anos de políticas destrutivas que terão consequências reais e brutais para milhões de pessoas.
A América de Trump é um país onde o racismo não é apenas tolerado, mas institucionalizado. Onde assassinos fardados são homenageados, e as vítimas negras são criminalizadas. Onde a diversidade é vista como um problema, e a supremacia branca é a solução. O que Trump promete não é um governo — é uma máquina de perseguição movida pelo ódio e sustentada pela impunidade.
A porta-voz de Trump, Karoline Leavitt, declarou hoje nos Estados Unidos:
“Quando estás no avião com os teus familiares, rezas para que o avião aterre em segurança e te leve ao teu destino ou rezas para que o piloto tenha uma certa cor de pele? Acho que todos nós sabemos a resposta.”
A afirmação parece razoável à primeira vista, mas na verdade é uma manobra cínica para encobrir a hipocrisia da extrema-direita. Se Trump e os seus aliados realmente acreditassem que a competência está acima da cor da pele, não passariam anos a demonizar as políticas de diversidade e inclusão como se fossem uma ameaça nacional.
Este comentário surge no meio de uma nova tentativa de Trump e da sua campanha de culpar a diversidade por um acidente aéreo, mesmo sabendo que os pilotos envolvidos eram brancos. É a táctica clássica do trumpismo: mentir, distorcer e encontrar uma minoria para carregar a culpa.
O problema nunca foi a diversidade, mas sim a necessidade obsessiva da direita radical de encontrar bodes expiatórios para qualquer tragédia. Se um branco erra, o sistema falhou. Se um negro erra, a raça inteira é posta em causa. Esse é o manual racista de Trump.