O C6 reportou o primeiro lucro anual de sua história, com um bottom line de R$ 2,3 bilhões e um ROE de 60%, nas contas do banco.
O CEO e fundador Marcelo Kalim disse que o resultado é fruto de uma forte alavancagem operacional — com o C6 crescendo a receita e mantendo as despesas estáveis — e de uma provisão para devedores duvidosos (PDD) declinante.
“O resultado mostra a consistência do nosso modelo de negócios. Para 2025, esperamos um cenário parecido, mas com um lucro ainda maior,” o empresário disse ao Brazil Journal.
O C6 havia dado seu primeiro lucro trimestral no primeiro tri de 2024, depois de cinco anos dando prejuízo e de muitos questionamentos sobre seu modelo de negócios.
Desde então, o resultado acelerou.
A maior parte do lucro anual veio no segundo semestre do ano passado, quando o C6 lucrou R$ 1,3 bilhão, em comparação aos R$ 969 milhões do primeiro semestre.
O ROE de 60% do C6 chama a atenção, já que é bem maior que o dos bancões, que operam com um ROE de cerca de 20% – e é ainda maior que o do Nubank, que tem operado com um ROE ao redor de 40% no Brasil.
Segundo o CFO Phillipe Katz, no entanto, a conta do ROE do C6 é exatamente igual à dos concorrentes.
Para o cálculo do ROE, o banco dividiu o lucro líquido do ano pela média do PL de 2024 e de 2023, que foi de R$ 3,77 bilhões, multiplicando o resultado por 100. Katz disse ainda que o cálculo do PL do banco também é exatamente igual ao dos concorrentes, com o C6 não excluindo nada da conta que pudesse reduzir o patrimônio.
No ano, no entanto, o C6 se beneficiou de um ganho fiscal de R$ 690 milhões. Sem esse ganho, o ROE teria sido 46%.
A receita líquida do C6 cresceu 45% para R$ 8 bilhões, enquanto as despesas operacionais caíram 3% para pouco mais de R$ 3 bilhões.
Já as despesas com PDD caíram ainda mais, em 21%, para R$ 1,9 bi.
Segundo Kalim, as receitas cresceram em todas as frentes de negócios, tanto na vertical de serviços quanto em crédito, com uma maior diversificação da carteira e um aumento da participação dos produtos colateralizados.
A carteira de crédito expandida do C6 cresceu quase R$ 24 bilhões no ano, atingindo R$ 60 bilhões. Os créditos com garantia, que representavam 64,8% do total em 2022 e 73,4% em 2023, subiram para 77,5% no ano passado.
A maior fatia está no crédito consignado, que responde por 46% do total, seguido pelo financiamento de automóveis (25%), pessoa física (18%), pessoa jurídica (10%) e home equity (1%). A carteira de pessoa física é composta basicamente por cartão de crédito e empréstimo pessoal.
“Continuamos muito tranquilos com o crescimento da carteira e achamos que em 2025 ela vai crescer muito mais do que isso,” disse Kalim. “Essa estratégia de crescimento forte em ativos com colateral permite crescer bastante, mantendo as provisões controladas.”
No ano, a taxa de inadimplência do C6 caiu de forma relevante, para um patamar consideravelmente menor que o dos concorrentes.
O NPL 90 dias, que tinha fechado 2023 em 3,4%, fechou o ano passado em 2,6%. Para efeito de comparação, o NPL 90 dias do Inter e do Nubank foi de 4,2% e 7%, respectivamente.
Kalim disse que a melhora teve a ver com a estratégia de aumentar a participação dos produtos com garantia no portfólio, e de uma política de crédito mais conservadora no crédito não-colateralizado. Para 2025, ele disse que a expectativa é que esse indicador se mantenha estável.
“Não acho que tem mais espaço para cair, porque ele já está bem baixo, mas ele deve se manter absolutamente estável,” disse o CEO.
Já o índice de eficiência – a despesa dividida pela receita – fechou o ano em 57%, depois de ter ficado em 115% em 2022 e em 82% em 2023. Excluindo as despesas com as comissões de originação de crédito, esse índice fechou em 38%, em comparação aos 86% de 2022 e 56% de 2023.
Para Kalim, o índice de eficiência do C6 “tende a cair para zero.”
“Temos uma estrutura operacional que permite dobrar a nossa receita com os custos subindo em torno de 10%. Se fizermos isso por um ano, o índice de eficiência [sem comissões] já cai para 20%. Se fizermos por mais um ano vai para 11%,” disse ele. “Tenho convicção que conseguimos fazer isso por um bom tempo, porque este é o modelo de negócios.”
O C6 fechou o ano passado com 35 milhões de clientes. O banco não abre quantos desses clientes são ativos, o nível de engajamento deles e nem quantos são de alta renda, o principal foco do banco.