Nos últimos anos, o ensino superior tem sido desafiado a reinventar-se para responder às exigências da geração Z, uma geração que cresceu num mundo digital, com acesso instantâneo à informação e com expectativas elevadas quanto à relevância e aplicabilidade da educação a obter. Este cenário coloca-nos um desafio: como conciliar o rico legado das instituições académicas com a necessidade de inovação e adaptação constante às novas dinâmicas sociais e tecnológicas?
A tradição no ensino superior é um pilar fundamental. As universidades têm desempenhado um papel crucial na preservação e transmissão do conhecimento e dos saberes ao longo dos séculos. Estas instituições são mais do que simples centros de aprendizagem; são guardiãs da cultura, da história e do pensamento crítico. No entanto, a geração Z exige uma abordagem diferente. Eles e elas não se contentam com a transmissão passiva do conhecimento, procuram uma educação que seja ativa, prática e que se relacione diretamente com o mundo real, com novas causas sociais e novas ideologias críticas. A Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, com a sua longa tradição crítica e fomento de práticas pedagógicas inovadoras e de proximidade, encontra-se preparada para atender às expectativas e anseios da geração Z.
A inovação não é apenas desejável, é essencial. As universidades estão a adotar novas tecnologias, tais como, plataformas de aprendizagem online, inteligência artificial e realidade aumentada, para proporcionar experiências de aprendizagem mais interativas, imersivas, e personalizadas. No entanto, a inovação não pode significar uma ruptura com o passado. Em vez disso, deve ser uma extensão do nosso legado académico, uma maneira de tornar o conhecimento mais acessível e aplicável, sem sacrificar os valores e a profundidade de aprendizagem que caracterizam o ensino superior.
É aqui que reside o verdadeiro desafio: equilibrar a tradição com a inovação. Este equilíbrio exige uma abordagem cuidadosa e ponderada. Não se trata de abandonar os métodos tradicionais de ensino, antes complementá-los com novas ferramentas que atendam às expectativas da geração Z. Por exemplo, o ensino baseado em problemas e projetos pode ser uma forma eficaz de envolver os estudantes de forma mais ativa e prática, promovendo tanto o pensamento crítico como a aplicação de conceitos teóricos a situações do mundo real.
Além disso, as universidades devem também refletir sobre o seu papel na formação de cidadãos e cidadãs globais. A geração Z é caracterizada por uma consciência social e ambiental sem precedentes, e espera que as suas instituições educacionais não se limitem a transmitir conhecimento, e que promovam também a ética, a inclusão e a sustentabilidade. Assim, as universidades devem integrar estas preocupações nos seus currículos e nas suas práticas, promovendo uma cultura de responsabilidade social que prepare os e as estudantes para serem agentes de mudança positiva no mundo.
As quatro áreas do saber da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, economia, gestão, relações internacionais e sociologia, promovem uma reflexão crítica e facultam um conhecimento de excelência no que diz respeito à ética, responsabilidade e consciência sociais.
Ao mesmo tempo, não podemos esquecer o valor da experiência universitária tradicional. O ensino superior não é apenas sobre adquirir competências técnicas ou conhecimentos específicos, é também sobre o desenvolvimento pessoal, a construção de redes sociais e o crescimento intelectual. A interação face a face, os debates, as discussões em seminários e o confronto de ideias são elementos que continuam a ser cruciais para a formação de um pensamento crítico e inovador.
Portanto, o resultado desta equação não é se as universidades devem mudar, mas como devem fazê-lo. A inovação deve ser vista como um aliado da tradição e não como uma ameaça. As instituições de ensino superior têm a responsabilidade de se adaptarem e evoluírem, mas sem perder de vista aquilo que as torna únicas e essenciais para a sociedade.
A geração Z trouxe novas exigências que são, em última análise, uma oportunidade para as instituições de ensino superior renovarem-se e tornarem-se mais relevantes do que nunca.