“Neste momento não são fugas de reclusos, são pessoas mal-intencionadas que se passam de manifestantes e que vão aos estabelecimentos penitenciários e libertar as pessoas. Como Governo, não sei qual é o móbil concreto […], a menos que tenham planos concretos com estes [reclusos] que vão libertar, mas o movimento de ir buscar pessoas nas cadeias é grande a nível nacional”, declarou o ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Mateus Saize, à margem da abertura de um curso para oficiais de justiça e assistentes de justiça em Chimoio, na província de Manica.
No dia 25 de dezembro passado,1.534 reclusos fugiram, após rebeliões nos estabelecimentos Penitenciário Especial da Máxima Segurança e Provincial de Maputo, localizados a mais de 14 quilómetros do centro da capital moçambicana, em que as autoridades policiais consideraram tratar-se de “uma ação premeditada” e da responsabilidade de manifestantes que, desde outubro, estão na rua a protestar contra os resultados das eleições gerais.
Outros 220 reclusos evadiram-se em 03 de fevereiro, após a polícia repelir um grupo de moto-taxistas e garimpeiros que tentava juntar-se para protestar contra o elevado custo de vida no distrito da Gorongosa, na província de Sofala.
“Danos incalculáveis”
O ministro disse que as manifestações pós-eleitorais “trouxeram danos incalculáveis para o setor da justiça”, referindo-se às vandalizações e destruições de tribunais e estabelecimentos penitenciários.
“Com relação aos evadidos das nossas celas, há um trabalho intenso que está sendo feito pelas instituições relevantes no sentido de recuperar aqueles que ainda estão à monte […] Todos os dias temos relatos de manifestantes que correm para as penitenciárias para tirar os seus comparsas e temos relatos de estabelecimentos a reportar a recaptura de muitos deles”, acrescentou o governante.
RADAR DW: Revolução Mondlane abana Moçambique
Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.
Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.