O ministro do Interior moçambicano, Paulo Chachine, afirmou esta quarta-feira (05.11) que decorre um trabalho “profundo” para chegar aos “verdadeiros mandantes” dos raptos no país, mas que desmantelar a “teia de responsáveis” por estes crimes “não é fácil”.
“É profundo o trabalho que está a ser feito e não é fácil também”, disse o ministro Paulo Chachine, em declarações aos jornalistas à margem das celebrações do dia da Legalidade, em Maputo.
Só em 2025 há registo público de seis casos de rapto de empresários em Maputo, o último dos quais um português de 69 anos, em 07 de outubro.
O governante explicou ainda que, tratando-se de crime organizado, o rapto também tem “uma teia de responsáveis”,
“Uma teia de praticantes deste ato, desde o mais pequeno até ao grande, até ao dono, até ao mandante”, garantindo o objetivo da polícia de chegar aos “verdadeiros mandantes”.
“Cada um no meio deste crime tem a sua própria responsabilidade e é por causa disso que, às vezes, pensa-se que ainda não se chegou lá, mas vai se chegar aos verdadeiros mandantes”, acrescentou o ministro do Interior.
O Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) anunciou em 03 de novembro que deteve dois homens suspeitos de envolvimento no rapto de um empresário português, ocorrido a 07 de outubro em Maputo, acrescentando que espera em breve chegar à vítima daquele que foi o primeiro caso do género conhecido publicamente desde junho.
O porta-voz do Sernic em Maputo, João Adriano, garantiu que a investigação está a correr a “passos largos” para a resolução do crime e reiterou que a “maior necessidade” agora é trazer a vítima ao convívio familiar.
O recente caso de rapto envolvendo o cidadão português é o primeiro caso conhecido publicamente desde 21 de junho, quando na altura um cidadão libanês, proprietário de uma farmácia, foi raptado no estabelecimento, no centro de Maputo.
A polícia moçambicana registou, de 2011 até março de 2024, um total de 185 raptos e pelo menos 288 pessoas detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime, indicam os últimos dados avançados pelo Ministério do Interior.
Cerca de 300 pessoas envolvidas em casos de rapto foram detidas desde os primeiros registos destes crimes em Moçambique, em 2010, disse à Lusa, em 23 de outubro, o porta-voz nacional do Sernic.
“Esses são números cumulativos desde que iniciaram os raptos em 2010, até hoje”, avançou Hilário Lole, porta-voz nacional do Sernic, explicando que esta estatística representa apenas um número “aproximado”.
Cerca de 150 empresários foram raptados em Moçambique nos últimos 12 anos e uma centena deixou o país por receio, segundo números divulgados em 2024 pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que defende ser tempo de o Governo dizer “basta”.