Três anos depois de ser privatizada, a geração de caixa da Eletrobras nunca esteve tão alta — permitindo à companhia distribuir um ‘mega dividendo’ a seus acionistas.
Agora renomeada Axia Energia, a empresa anunciou ontem à noite que vai pagar R$ 4,3 bilhões em dividendos intermediários, o equivalente a R$ 2 por ação para as ações PN e R$ 1,62 para as ações ONs.
Este dividendo se soma a outros R$ 4 bilhões já distribuídos este ano, elevando o dividend yield do ano para cerca de 6,3%.
O dividendo surpreendeu o sellside, que esperava um pagamento menor para o ano. O Bradesco BBI, por exemplo, estimava que a Eletrobras pagaria R$ 7 bilhões em dividendos em 2025. O JP Morgan, R$ 8 bi.
A ação PN da Axia abriu em alta de 2,7%, com a companhia valendo R$ 134 bilhões na B3. O papel sobe mais de 60% desde o início do ano e 47% nos últimos 12 meses.
A distribuição de recursos nesta escala foi possível graças a iniciativas do CEO Ivan Monteiro para eliminar riscos da tese de investimento da empresa ao longo deste ano, além de uma maior visibilidade em relação aos preços de energia em 2026.
A mais recente iniciativa de de-risking foi a venda da Eletronuclear para a J&F Investimentos, dos irmãos Batista, numa transação de quase R$ 3 bilhões.
A Eletrobras também vendeu suas 13 usinas térmicas, também para a J&F, levantando outros R$ 3,6 bilhões, além de ter vendido sua participação na EMAE para a Sabesp por R$ 1,1 bilhão.
A Axia também fechou um acordo com o Governo Federal no início do ano que já havia reduzido suas obrigações em Angra 3, e reportou preços fortes de vendas de energia ao longo do ano.
O anúncio dos dividendos veio junto com a publicação do terceiro tri da companhia, que reportou números que superaram as projeções dos analistas.
O EBITDA ajustado foi de R$ 5,9 bilhões, 20% acima das projeções do BTG, que estimava R$ 4,9 bilhões. O lucro bruto e as despesas operacionais também vieram acima do mercado.
No bottom line, a Eletrobras reportou um prejuízo de R$ 5,5 bilhões, explicado basicamente pela provisão contábil que a empresa teve que fazer por conta da venda da Eletronuclear. Como a venda saiu por um valor menor do que o ativo estava lançado no balanço, a Axia precisou fazer uma provisão não-caixa de R$ 7,3 bilhões no tri.
Excluindo este efeito, o lucro líquido da companhia foi de R$ 1,8 bilhão, também acima das projeções dos analistas. O Bradesco, por exemplo, estimava R$ 1,4 bi.
A ação da Axia negocia a 12x o lucro estimado para 2026 e 5,6x EV/EBITDA.